Sempre lembramos o filme Sideways, Oscar de roteiro adaptado, que teve um duplo resultado no universo do vinho: transformou a uva francesa Pinot Noir em mito e arranhou a imagem da Merlot. E o que o Brasil tem a ver com isso? A Merlot, injustiçada na tela, é forte candidata a ocupar o título de “a uva do Brasil”, ao menos na Serra Gaúcha, região que produz 90% dos nossos vinhos finos. Os vinhos à base da Merlot são mais frutados, com taninos agradáveis. “Não tenho dúvidas que a Merlot se adapta muito bem ao Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul”, afirmou a Época Negócios o enólogo francês Michel Rolland. Exemplos não faltam no mundo vinícola de qual é a melhor uva para cada região produtora. A Pinot Noir é a cepa da Borgonha; os Barolos são feitos apenas com a italiana Nebbiolo; a Argentina tem a Malbec. Cabe uma indagação: por que a Merlot, entre as mais de 500 variedades disponíveis, ganhou destaque no solo brasileiro?
Na verdade, ela está sendo redescoberta. A variedade é plantada no Brasil há 60 anos. O vinho que lançou a Vinícola Miolo foi um Merlot, de 1990. A Pizzato também ganhou fama com o seu Merlot. Na última década, porém, as vinícolas correram atrás da fama da Cabernet Sauvignon. Mas o caprichoso terroir brasileiro não permitiu muitos bons vinhos com esta cepa. Voltaram à Merlot que, com novos clones plantados nos últimos anos, mostrou sua força. Prove o Desejo, da Salton, e o Miolo Terroir. São bons exemplos da qualidade da Merlot no Brasil.
Por: Suzana Barelli - Época Negócios
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