É quase unanimidade entre a comunidade médica que é saudável beber duas ou três taças de vinho por dia. Ou até meia garrafa, cerca de 350 ml, no máximo, dependendo do peso da pessoa, e sempre acompanhado de comida. Bom para o espírito e para o corpo. Mas ultrapassados os limites, o vinho torna-se intoxicante e pode causar danos ao organismo. É bastante frequente, portanto, defrontar-se com a meia garrafa restante e com a questão de armazená-la corretamente para que não perca suas características de sabor e aroma, nem as virtudes salutares.
Exceto os vinhos fortificados, adicionados de álcool, como o Porto, o Xerez, o Málaga e o Madeira, entre tantos, nenhum vinho depois de aberto dura mais do que algo em torno de cinco dias na geladeira, em perfeitas condições. Os brancos se mantêm ainda menos tempo. São mais sensíveis à oxidação.
Um amigo meu, bebedor previdente – e, às vezes, desacompanhado –, mantém meias garrafas de água mineral à mão, com tampa de rosca, perfeitamente limpas. Imediatamente depois de abrir a garrafa de vinho, transfere parte de seu conteúdo para a garrafinha, tomando o cuidado de enchê-la até a boca e apertando bem a tampa. Assim, com quase nenhum contato com o oxigênio, o vinho se preserva muito bem.
Outra boa opção são as rolhas de borracha, que funcionam como uma válvula by-pass, de sentido único. Com uma bombinha que as acompanha, é possível bombear o ar do interior para fora, formando, dentro da garrafa de vinho semicheia, uma depressão, que pressiona ainda mais a tampa para dentro. É claro que não é um vácuo, mas torna-se um ambiente com menos oxigênio, o que desacelera as reações químicas oxidativas. O nome comercial mais comum desse produto é Vacu Vin, mas existem diversos congêneres em lojas de vinho, de utensílios para casa e cozinha e até nos supermercados mais sofisticados. Mesmo com a tampa de sucção, sempre coloque a garrafa na geladeira.
Se não tiver nenhum desses apetrechos, recoloque a rolha na garrafa e coloque-a no refrigerador. Mas o vinho deve ser consumido no máximo até o dia seguinte. Tintos vigorosos e encorpados resistem melhor – e podem durar até três ou mais dias. Brancos delicados vão inapelavelmente perder suas virtudes, mas por apenas um dia manter-se-ão agradáveis.
Outra boa ideia é usar os vinhos de sobra para cozinhar, desde que não estejam estragados. Vinho é como qualquer outro alimento deteriorado: vai acabar com seu molho! Carnes ricas em colágeno, como músculo, acém e peito, ficam ótimas cozidas em vinho tinto. Os brancos, além de ingredientes do risoto italiano, são perfeitos para deglacear as panelas, salvando todo o sabor de frituras e refogados.
Por Eduardo Viotti
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