Barricas de carvalho dão aroma e qualidade aos vinhos.

Durante a apresentação e degustação de um vinho, frequentemente, são colocadas questões sobre a bebida ter ou não passado por barricas de carvalho, se a barrica era de primeiro uso, qual a dimensão da barrica, se era de carvalho americano ou francês, qual o grau da tosta da barrica, etc. Enfim, um sem número de questões. Mas afinal, porque passar um vinho por barricas de carvalho?

A passagem do vinho por barricas de carvalho faz com que o vinho adquira aromas próprios da madeira, além de promover um afinamento de seus taninos e auxiliar na sua estabilização. As principais características das barricas de carvalho são a capacidade que elas têm de permitir que o vinho "respire" através dos micros poros da madeira, executando a chamada micro-oxigenação. Quem assistiu ao filme Mondovino, de Jonathan Nossiter, certamente escutou Michel Rolland, o famoso consultor de vinhos, repetir a exaustão a seus clientes donos de vinícolas que prosseguissem a micro-oxigenação.

Embora existam equipamentos que provoquem essa operação, os mais ardorosos defensores das práticas tradicionais afirmam que somente uma barrica de carvalho pode fazer isso de forma mais adequada. A segunda função da barrica é atribuir ao vinho aromas que são próprios da madeira e se liberam mediante o aquecimento de sua superfície. Por isso as barricas são tostadas antes de receberem os vinhos. Dependendo do grau da tosta, diferentes aromas são conferidos à bebida, da baunilha a aromas mais intensos, como café, pão torrado, etc. Por fim, a passagem em barricas auxilia o vinho em sua estabilização. Durante a micro-oxigenação as moléculas de oxigênio que penetram na madeira e alcançam o vinho se ligam aos taninos mais rústicos e pesados, fazendo com que eles se precipitem no fundo da barrica. Com isso, no momento do engarrafamento do vinho, somente os taninos mais finos estarão presentes na bebida, garantindo ao vinho uma característica mais redonda e aveludada.

Mas se a madeira confere esses aromas e qualidades ao vinho, por que ela precisa estar necessariamente no formato de barrica? Ou seja, não bastaria simplesmente mergulhar um pedaço de madeira no vinho armazenado em um tanque de inox, por exemplo? Sim e não. Segundo Tom Stevenson, crítico de vinhos e autor do The Sotheby's wine encyclopedia, desde que usado de maneira comedida os pedaços de madeira, chamados chips de madeira, poderiam garantir os atributos aromáticos da bebida. Existe no mercado uma enorme variedade de chips, provenientes de carvalhos de diferentes partes do mundo, com diferentes graus de tosta. Porém, segundo David Burt, químico e Master of Wine autor de Understanding wine technology, a micro-oxigenação, que é o principal processo pelo qual passa um vinho em repouso nas barricas de carvalho, não pode ser obtido pela adição de chips ao vinho. A combinação dessas características, conferência de aromas, potencialização do afinamento do vinho e sua estabilização, explicam a razão pela qual os chips de madeira não conseguem, isoladamente, substituir as barricas. Mesmo que seu custo seja caro, as barricas ainda são consideradas por muitos o melhor instrumento para afinação e harmonização final dos vinhos.

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