As terríveis enchentes que assolaram o território australiano nos últimos dois meses não deixaram tantas vítimas fatais como as registradas no Brasil, mas nem por isso deixaram de causar uma série de prejuízos ao país. E um dos setores mais afetados, infelizmente, foi o da viticultura.
Autoridades locais estimam que mais de nove mil residentes da região de Victoria tiveram de ser evacuadas de suas casas, com mais de um quarto do Estado estando ainda ameaçado pelas enchentes. Não bastasse este representativo número, produtores da região estimam que aproximadamente 20% das áreas destinadas à produção de vinhos foram destruídas pelas fortes chuvas e inundações.
As regiões de Grampians, Great Western e Pyrenees, a oeste do Estado, foram as mais afetadas e tiveram grande parte de sua produção afetada. Trabalhadores da vinícola Mount Avoca, em Pyrenees, tiveram de cobrir as plantas com lonas de plástico após a chuva quebrar as barreiras de uma represa, causando grandes danos às plantações. "Perdemos todos os nossos Cabernet e cerca de metade de todas as plantações", lamentou o diretor da vinícola, Matthew Barry. "Chegamos a encontrar nove quilos de peixes em um de nossos pastos alagados. O almoço, pelo menos, estava garantido", brinca o produtor.
Em Great Western, que não está acostumada a ser uma região com risco de enchentes, a vinícola Best's Wines' Concongella chegou a registrar oito polegadas de pluviosidade em menos de 48 horas, com a água chegando à altura de um metro nas vinhas. Já a tradicional vinícola Seppelts Winery tornou-se ponto de evacuação para residentes locais desabrigados.
Outra região que está bastante afetada é o Sudeste da Austrália. No Clare Valley, outra região vinícola, os produtores estimam que mais de 10% das plantações já foram afetadas pelas pragas e fungos. "Os produtores de vinhos da Austrália estão sendo desafiados neste momento, devido ao solo molhado e úmido, e terão de realizar um esforço enorme para garantir que as uvas serão entregues maduras e livres das doenças", afirma Alister Purbrick, CEO e enólogo da vinícola Tahbilk, na região central de Victoria.
Embora ainda dependa das condições do tempo nos próximos meses, estima-se que a safra australiana de vinhos este ano tenha 1.4 milhão de toneladas a menos do que o normal, um grande prejuízo para um mercado cada vez mais em ascensão.
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