Produtor vende vinho ensacado para reduzir preço final.

Imagine esta cena: você vai a um restaurante, pede a carta de vinhos e escolhe um. Na hora de servir a bebida, o garçom coloca à mesa uma caixa de papelão, dessas parecidas com as de leite longa vida, mas com capacidade um pouco maior. Você, por um momento, pode até achar que se trata de uma brincadeira, mas descobre que não. A caixa em questão, batizada com o nome de bag-in-box, (bolsa na caixa, em tradução livre), não é novidade, mas, no Brasil, como forma de redução de custos, sua adoção tem crescido nos últimos anos.

O modelo foi criado pela americana Scholle Packaging há 50 anos. A embalagem é composta por uma bolsa de poliéster flexível com bocal e tampa, que pode ser acondicionada em uma caixa de papelão, madeira ou plástico. “A bag-in-box eleva a vida útil do produto", diz Paula Ziolli, responsável pelo marketing da Scholle Brasil. "O vinho, depois de aberto, pode ser consumido em até dois meses, pois sua tampa não permite que o oxigênio entre em contato com a bebida." Isso evita a oxidação da bebida.

O custo menor é um dos atrativos da embalagem alternativa. Um exemplar pode substituir de quatro a seis garrafas de vidros, dependendo do tamanho, e reduzir em até 30% o preço final da bebida. As versões da bag-in-box de três e cinco litros são as mais usadas pelos produtores de vinhos brasileiros. A Scholle é líder mundial no fornecimento da embalagem. Na América Latina, cerca de 70% da bebida envasilhada em bolsas usam as embalagens da companhia.

No Brasil, mais de 75 vinícolas já adotam o sistema. Segundo estimativas, mais de 25% dos vinhos nacionais são envasados em bag-in-box. O grupo Valduga, tradicional vinícola da cidade de Bento Gonçalves (RS), foi o primeiro a experimentar a embalagem. Há aproximadamente cinco anos, a companhia passou a envasilhar parte da sua produção de vinhos de mesa e finos na bag-in-box. Segundo Juarez Valduga, presidente do grupo, cerca de 20% dos vinhos produzidos pela vinícola são acondicionados nas sacolas.

A Don Guerino, de Alto Feliz (RS), também adota as embalagens. Segundo Maicon Motter, diretor comercial da vinícola, 50% dos vinhos tintos são envasilhados em bags. “Esta é uma tendência mundial e não tem por que não se adequar a ela. O custo-benefício vale a pena para quem produz e para quem consome. É mais econômico”, diz o executivo.

A Dal Pizzol, de Bento Gonçalves (RS), passou a adotar a embalagem há pouco mais de um ano. “Houve uma boa aceitação do produto e a embalagem é perfeita, mais higiênica e conserva por mais tempo a bebida”, afirmou Dirceu Scottá, enólogo da vinícola. A praticidade é outro fator citado por ele. “A caixa ocupa menos espaço que as garrafas convencionais, pois podem ser encaixadas em qualquer espaço”.

A Perini, de Farroupilha (RS), é a maior produtora de vinhos em bag-in-box do Brasil. A vinícola estima que, neste ano, cerca de 400 mil caixas da bebida, de três e cinco litros, serão colocadas à venda. Para melhorar o sistema de produção, a vinícola comprou recentemente a primeira envasadora automática de sacolas do Brasil.

Segundo Franco Perini, diretor comercial da vinícola, o investimento para aquisição da máquina foi de R$ 650 mil. Com ele, a Perini prevê aumentar a sua participação no mercado nacional de vinhos em 30% este ano.

No Brasil, a bag-in-box existe há pouco mais de cinco anos, mas em alguns países a comercialização de vinhos na caixa já é bastante madura. Noruega, Suécia e Austrália envasilham mais de 50% de seus vinhos em bags. Nos EUA, 20% dos vinhos produzidos são embalados em bag-in-box.

O Brasil é atualmente o 16º produtor de vinho no ranking mundial. No ano passado, o Rio Grande do Sul, maior Estado produtor da bebida no País, com 90% do total, foram produzidos mais de 430 milhões de litros de vinhos, sucos e derivados da uva.

Fonte: IG - Daniela Barbosa.

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